APRESENTAÇÃO

                                                                               "Tenho apenas duas mãos e um profundo sentimento do mundo" (Drummond)


Falar sobre infância e adolescência é eleger caminhos significativos para o desenvolvimento futuro a partir da sustentação do presente.

Assim sendo, o evento fornece indicações de como pensar o desenvolvimento e neste sentido elegemos quatro direções de consideração: psicanálise, identidade, sociedade e negritude.

Estes quatro elementos nos instarão a discutir a infância e adolescência pelo vértice da PSICANÁLISE, sem abster-nos de considerar as linhas de estudos sobre o desenvolvimento da criança e do jovem em perspectiva cognitivista. Os aspectos da IDENTIDADE serão abordados sobre as dimensões que a instituição família e as relações com os aparelhos sociais que lidam com jovens e crianças - a exemplo da escola - fornecem para a estruturação da identidade social e coletiva do sujeito humano. Sob tal assertiva, consideramos neste debate sobre o infante e o jovem a dimensão da crítica materialista histórica à SOCIEDADE, a qual nos ajuda a compor o quadro de reflexão sobre o desenvolvimento, perspectivas psicoemocionais singulares, formação subjetiva e interpretação da cultura, sem nos isolarmos nas dimensões específicas do sujeito individual e a mônada familiar.

Finalmente, uma questão que se impõem discutir e assumir como importante norteador de idéias para o estado brasileiro e também internacional é a dimensão étnico-racial negro, mestiço e indígena os que mais sofrem com a pobreza, as violências das exclusão, da falta de acesso à saúde, educação, lazer e cultura. Portanto, compreender NEGRITUDE - termo cunhado por Aimé Cesaires nos anos 50 na França, é representativo não só para as designações referentes à diáspora africana no mundo, mas também as considerações de todas as formas de luta contra xenofobias e violências físicas e psíquicas embasadas em conteúdos racializados.

Sendo assim, o convite a este evento é o de unirmos forças para o combate às dimensões que maltratam e impedem a fruição das boas condições de desenvolvimento humano de jovens, crianças e adolescentes. A partir da palavra que é poder instrumentalizamos-nos para combater o recrudescimento da barbárie que temos observado em nossos dias. Através da palavra e do saber, formas mestras da condição humano, construímos com nossas mãos a esperança de superação da barbárie através de princípios humanos, universais e civilizatórios.
                                       

                                                                                                              Coordenação Geral